A representatividade das mulheres no parlamento brasileiro ainda é desigual na comparação com os homens. No Senado, por exemplo, na atual legislatura, existem apenas 11 mulheres num universo de 81 parlamentares.
A história mostra que a desigualdade sempre esteve presente no parlamento brasileiro. Somente em 1979, uma mulher conseguiu assento no Senado. Coube a Eunice Michiles (Arena-AM, na foto abaixo com o então presidente João Figueiredo) quebrar a exclusividade masculina. Outra que marcou a história do Senado foi Laélia de Alcântara (PMDB-AC), cujo pioneirismo está associado ao fato de que ela foi a primeira senadora negra do país – na foto acima, ela aparece ao lado dos senadores Jarbas Passarinho (Arena), no centro, e do paraibano Ivandro Cunha Lima (MDB).
A ‘Série S’, do Senado, faz registro dessa história: “Faz pouco mais de 40 anos que o Brasil teve uma mulher negra no Senado pela primeira vez. O pioneirismo coube a Laélia de Alcântara (PMDB-AC), que assumiu o mandato de senadora em 3 de abril de 1981, no período final da ditadura militar (1964-1985). Quando tomou posse, Laélia tinha 57 anos de idade e nunca havia ocupado um cargo político. Nascida em Salvador, ela era médica Morreu em 2005, aos 82 anos.
Contra o racismo estrutural
Em um evento no Rio Grande do Sul, à década de 1980, Laélia de Alcântara já denunciava o racismo estrutural. “Os negros têm tudo para furar a barreira da penúria e da estagnação. Já é tempo de não mais se situarem nos pontos mais críticos dos gráficos, nos índices mais medíocres das estatísticas, nos parágrafos mais soturnos dos relatórios e nos segmentos mais inferiores das pirâmides”.
“É um erro histórico”
O ‘Arquivo S’ mostra que Laélia de Alcântara “questionou a versão de que a escravidão no Brasil foi suave e os escravizados aceitaram passivamente os grilhões”. Ela disse que “A massa de negros em nossa terra não permaneceu de braços cruzados diante da escravidão. Protestou por meio de quilombos, fugas, rebeliões e até crimes cometidos contra senhores e feitores. Foi sempre altivo e continua a sê-lo. É um erro histórico dar à escravidão brasileira o aspecto de falsa suavidade”.
Escravo após a Lei Áurea
Em Brasília, Laélia de Alcântara também questionou a Lei Áurea: “Livre do cativeiro, como fazer para sobreviver? Sem instrução, sem outra capacitação e habilitação que não fosse o amanho da terra e o mourejar nos engenhos, o transportar nas liteiras o seu amo e senhor e as sinhazinhas em visitas aos seus nobres vizinhos. O que fazer? Servir, servir, servir. Viu-se o negro escravo do senhor mesmo após a discutida bênção generosa da princesa Isabel”.
Com jornal A União
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