Os últimos acontecimentos – condenações na esfera judicial – envolvendo o deputado federal Ruy Carneiro, pré-candidato do PODEMOS à PMJP, tem causado estragos na sua imagem, observada pela atenta e exigente opinião pública da Capital, eleitorado de comportamento atípico, hiperativo e com características “cosmopolita”.
Ruy Carneiro, se contrapondo aos fatos, tem se limitado em declarar que querem “silenciá-lo” (?). Argumento precário, difícil de ser assimilado pela opinião pública, incapaz de levá-la a conjecturar existência de uma conspiração do Poder Judiciário para barrar sua candidatura. A tarefa de homologar candidatos é do TSE, que exige certidões e documentos pertinentes, estabelecidos pela legislação eleitoral vigente.
João Pessoa é a única Capital do Nordeste com solo estéril, infértil ou infecundo, incapaz de enraizar o “conservadorismo” político oligárquico. Ceará (irmãos Gomes), RN (Maia e Alves); PE (Arraes divididos para governar); Alagoas (Calheiros); BA (ACM desde o avô) … O primeiro passo para um postulante que deseje comandar os destinos da Capital Paraibana é encomendar um estudo (pesquisa) diferente do modelo anacrônico adotado nas atuais amostragens “universalizadas”, aplicadas pelos Institutos de pesquisas.
Investigar em profundidade como, e o que pensa a população, sob os mais diversos ângulos – do consumo a rotina do quotidiano – resultará no mapa da vitória. O professor Pedro César deve saber perfeitamente o que, como leigo, ora comentamos.
Nas eleições de 2022 João Pessoa mais uma vez revelou através das urnas a excentricidade de sua gente. Uma campanha radicalizada, verticalizada pela disputa presidencial, surge Pedro Cunha Lima, um candidato jovem, discurso leve, distante dos dois pólos – quem mais interagiu com a juventude – no primeiro turno, obteve 26,50% dos votos válidos (111.766) sem pedir votos para Bolsonaro ou Lula. Ficando apenas 4% atrás do governador João Azevedo, e das duas máquinas (Governo do Estado e PMJP). Nilvan Ferreira, representante do bolsonarismo, foi o mais votado, com apenas 6,10%, à frente de Pedro Cunha Lima. O fato despertou os observadores da cena política.
No segundo turno, o “maratonista” Pedro Cunha Lima – não mudando seu ritmo – cresceu assustadoramente, alcançando 58,12% do eleitorado pessoense (255.264 votos), deixando na “poeira” João Azevedo com 41,89%, ou 184.047 votos. Uma maioria de 71.517 sufrágios, resultado que comprometeu as lideranças Cícero e João.
Cabe ao “tucano” Pedro Cunha Lima avaliar se deve ou não continuar interagindo com o eleitorado da Capital, que se identificou com seu perfil, alavancando sua performance como o mais preferido, dentre os demais. Amor à primeira vista? Nunca existiu em João Pessoa liderança transferidora de votos. O escolhido foi Pedro. Ele não conseguirá transferir estes votos para Ruy, nem para seu próprio pai.
A recente sentença do Juiz Adilson Fabrício Gomes Filho – 2ª Vara Criminal de João Pessoa – condenando Ruy Carneiro a 15 anos e 10 meses de reclusão, 4 anos e 4 meses de detenção além da devolução de 750 mil reais (Caso Desk 2009) – atingiu em cheio fatia expressiva de seu eleitorado, que é conservadora “Lavajatista”. As investigações do GAECO – Hospital Napoleão Laureano – podem respingar em Ruy. E ainda tem a “bomba” de efeito retardado “Padre Zé”. Seus estilhaços também poderão atingi-lo. Tudo isto ocorrerá em plena campanha, ou às vésperas das convenções.
Pedro Cunha Lima, desprovido de vaidade, abdicou logo cedo do seu “capital político” em João Pessoa, evitando frustrar seu amigo Ruy. Mas, é chegado o momento dele optar: ou deixar a vida pública, ou assumir o espaço que ele franqueou a Ruy, e disputar a PMJP, salvando inclusive a legenda que o abriga (PSDB), prestes a ser extinta.
Por Júnior Gurgel