No fim da Segunda Guerra Mundial, o escritor inglês George Orwell usou o termo Guerra Fria em seu ensaio “Você e a bomba atômica”, publicado em 19 de outubro de 1945 no jornal britânico Tribune.
A Guerra Fria foi um período de tensão geopolítica entre a União Soviética e os Estados Unidos e seus respectivos aliados, entre 1947 e 1991. O termo “fria” é usado porque não houve combates em larga escala diretamente entre as duas superpotências. A URSS e os EUA competiram por influência na América Latina, no Oriente Médio e nos Estados descolonizadores da África e da Ásia. Ambos derrotaram a Alemanha Nazista na segunda guerra, mas a disputa de vaidades e de espaços de poder deflagraram uma outra guerra muito mais longa.
Trazendo esse episódio da história para a política paraibana, a base aliada do governador João Azevedo também trava uma guerra, nada fria, nas eleições municipais de 2024.
Tudo se iniciou no final de 2021, quando Aguinaldo Ribeiro se colocou como pré-candidato a senador, mesmo já tendo sua irmã, Daniella Ribeiro, ocupando uma cadeira no Senado. Fato esse que provocou o rompimento de Efraim Filho, que já contava com o apoio do Republicanos, que não arredou o pé mesmo após Efraim compor chapa com Pedro Cunha Lima. Aguinaldo, no entanto, no dia de trocar alianças com João Azevedo, proferiu um “não” no altar, desistindo de ser companheiro de chapa de Azevedo para impor a indicação do vice-governador Lucas Ribeiro, dando um drible no presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, que sonhava com a vaga.
Os “Republicanos” engoliram a seco, permaneceram com João, conquistaram a liberação para votar em Efraim, mas cobraram a salgada fatura no segundo turno, que incluía os próximos quatro anos no comando no Poder Legislativo. Atendidos em todos os seus pleitos, seguraram a pressão do já eleito Efraim para uma adesão a Pedro, assegurando a reeleição do atual governador, mesmo com sobressaltos.
Chegamos agora no segundo round da trilogia, que só vai encerrar em 2026, quando o Republicanos lança uma ofensiva nas bases eleitorais da Família Ribeiro, com exceção, de João Pessoa. Escolhi de propósito o termo Família Ribeiro, ao invés de Progressistas, porque o prefeito Cícero Lucena não estaria “tão fechado” com o partido a ponto de reforçar o arsenal dos Ribeiros nessa defesa territorial.
De Santa Rita à Cajazeiras, navegando pelas praias do Conde, a guerra não é nada fria. Foi base de Aguinaldo, o Republicanos “vai para cima”, seja lançando candidatura própria, a exemplo de Nilvan Ferreira, ou se aliando com quem estiver do outro lado, a exemplo de Chico Mendes.
Aguinaldo, até o momento, não esboçou nenhum contra-ataque explícito. Mas pode fazê-lo, a qualquer momento, começando com Sara Cabral em Bayeux e Priscila Lima em Patos. Amparado pelo forte argumento que “paciência tem limite”.
Por Ytalo Kubitschek