Foi pública e notória a irritação do governador João Azevedo em relação as últimas declarações proferidas pelo presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino.
Adriano complicou, monumentalmente, os planos de João Azevedo para a sucessão estadual ao aconselhar o governador a permanecer no cargo até o fim, acusar Daniella Ribeiro de quebra de acordo e instigar Cícero Lucena, que nem foi reeleito ainda, a lhe dar as mãos no tabuleiro eleitoral de 2026.
Não é segredo para ninguém que os Ribeiros não irão marchar no mesmo palanque que Adriano Galdino estiver presente. E a recíproca é verdadeira, assunto que já tratei em artigo anterior (Republicanos x Família Ribeiro: uma guerra nada fria).
Se Daniella Ribeiro for candidata à reeleição pelo lado governista, cenário mais provável, seu companheiro de chapa ao Senado tende a ser João Azevedo, com Hugo Motta disputando o cargo de governador. Ou tudo voltaria para a estaca zero? Com Lucas governador, João e Hugo para o Senado?
Numa segunda hipótese, se João Azevedo permanecer no governo até o fim (faria isso por quem?), teria Hugo Motta e Daniella Ribeiro como candidatos ao Senado?
Em todas essas possibilidades, há o risco seríssimo de uma implosão incontornável no bloco governista.
Quem seria o candidato a governador situacionista se João Azevedo ficar? Onde ficaria Adriano Galdino? Só lhe restaria a vaga de vice?
E Cícero Lucena? Mesmo se for reeleito, não indicaria nem a vice? Ou disputaria o governo deixando João Pessoa nas mãos do PSB?
São muitas perguntas e poucas respostas até aqui. O jogo é estratégico, sutil e cheio de lances, abaixo da Linha do Equador. Até a matemática muda quando se mexe com a posição dos números e dos sinais.
Os dois precedentes em que governadores paraibanos abriram mão de disputar o Senado (Tarcísio Burity e Ricardo Coutinho) não são nada animadores para João Azevedo. Tanto Burity, quanto Ricardo, foram condenados ao ostracismo após deixarem o governo.
Todos já estão de olhos bem arregalados para os abismos mais próximos, porque até mesmo os animais, que não agem por vaidade ou orgulho, pressentem desastres naturais como vulcões, furacões e tsunamis, antes mesmo que ocorram.
O que mais chama a atenção de quem observa a política paraibana é que, no aspecto da sinceridade, o Republicanos também tem um Enivaldo Ribeiro para chamar de seu. O nome dele é Adriano Galdino.
Por Ytalo Kubitschek