Após mais de uma década de peregrinação pelos tribunais, o senador Veneziano Vital do Rêgo ainda não esqueceu do bombardeio a que foi submetido pela turma do hoje deputado federal Romero Rodrigues, após deixar a Prefeitura de Campina Grande em janeiro de 2013.
A imprensa da Paraíba, durante os dois mandatos de Romero na Rainha da Borborema, recebia diariamente de uma tal Consult Politic, e-mails disparados contra a reputação de Veneziano, do seu irmão Vital do Rêgo Filho, bem como pessoas próximas e ex-auxiliares da sua administração uma enxurrada de notícias negativas.
As acusações variavam de escândalo na coleta de lixo, cheque sem fundo, até os mais escabrosos de recebimento de propinas, desvios de recursos públicos, com supostos laranjas e empresas de fachada, e iam até a atuação do irmão em Brasília. Se o conjunto probatório desse rosário de denúncias imputadas ao ‘cabeludo’ fosse procedente, o teria levado a prisão. Nada que já não tenha sido dito por diversos observadores e comentaristas, com o simples testemunho de quem acompanha de perto a política paraibana há pelo menos duas décadas.
A insistência obcecada de Romero, em todas as suas entrevistas quando prefeito, de diminuir, desvalorizar e desqualificar as ações da gestão do seu antecessor, taxando-as de “herança maldita”, devem ter aberto feridas profundas em Veneziano.
A rendição do senador às chantagens políticas e sua união forçada com Romero, a quem sempre execrou na intimidade, seria um terrível constrangimento, em que pese Campina Grande estar se habituando, cada dia mais, aos conchavos de ocasião incompatíveis com os discursos e bandeiras que seus principais representantes outrora empunhavam.
O rompimento entre Romero e Bruno, para Veneziano, é uma compensação de injúria. E também um grande alívio. Se é verdade que nem sempre é possível se escolher os aliados, sempre é possível se escolher os adversários.
Romero, apesar de toda a popularidade que ora ostenta, não é santo. Chegou a ter secretários presos e adota atualmente um absurdo procedimento perante a população de Campina Grande, em relação a falta de transparência na sua decisão já tomada.
Sob o pretexto de ocupar a liderança do Podemos na Câmara Federal, Romero travou os esquemas políticos situacionista e oposicionista, em Campina Grande. Ambos, não conseguem avançar sem clareza na decisão do deputado.
Sempre deixando uma margem de dúvida, não saiu do Podemos, não tirou o deputado Tovar do PSDB e nem aderiu ao governo João Azevedo. Não teve sequer a dignidade de orientar seus auxiliares a entregarem os cargos no governo Bruno.
Mesmo com todos os motivos para já terem oficializado o desligamento da gestão municipal, muitos romeristas estão, sem a menor cerimônia, infiltrados se passando para o papel de “quinta-coluna” em diversas repartições da Prefeitura de Campina Grande.
Uma lástima.
Por Ytalo Kubitschek