As pesquisas de intenção de voto para as eleições municipais de 2024 são cada vez mais intensas na medida em que o pleito se avizinha, com sua ampla divulgação por diversos institutos e veículos de comunicação, contudo, é importante, para quem vai disputar o pleito deste ano, conhecer a importância de um outro tipo de pesquisa, muito mais decisiva, para candidatos e gestores.
Durante a campanha eleitoral, as pesquisas mais comentadas são as quantitativas, pois são aquelas que demonstram os indicadores de quem está na frente na corrida pelos cargos públicos. Porém, pouco se fala na importância da realização das pesquisas qualitativas, ou “qualis”, geralmente feitas a partir de grupos focais ou de discussão, compostos por pessoas comuns, que são essenciais para a montagem das estratégias dos candidatos e gestores. Essa forma de pesquisa permite que o candidato ou gestor se aproxime do seu público-alvo, já que ele passa a conhecer as tendências e os significados do pensamento do seu eleitorado com o objetivo de aferir, de maneira mais subjetiva, as tendências de voto do eleitorado.
Especialista explica
Para a socióloga Tatiana Salles, a pesquisa qualitativa tem como objetivo traduzir os anseios, os desejos e as expectativas latentes da população daquilo que é necessário para a cidade. Ela explica porque as pesquisas qualitativas são os levantamentos que têm mais veracidade e efeito sobre o desempenho que os candidatos terão na campanha eleitoral, bem como os gestores no comando da administração pública.
“O candidato a prefeito, em geral, não tem como adivinhar por conta própria o que a população espera, porque uma cidade é formada por vários grupos sociais complexos e diferenciados, mas que convivem numa grande comunidade. O candidato tem uma visão limitada dessas necessidades. Quem mais conhece e tem mais autoridade sobre esse assunto é o cidadão que está na ponta vivenciando essas dificuldades”, justifica Tatiana Salles.
A especialista enfatiza que “a pesquisa qualitativa vai captar todas essas realidades do ponto de vista sociológico e de maneira aprofundada, posteriormente, o candidato pode elaborar soluções a serem apresentadas, elencando prioridades, traçando um plano de governo”.
Ainda conforme Tatiana Salles, “a pesquisa qualitativa traz, na verdade, informações em segunda mão, porque para nós que somos cientistas sociais, essas necessidades são vivenciadas em primeira mão pelas pessoas. Então, a pesquisa qualitativa traz um norte para o futuro gestor e a interpretação das entrelinhas das informações da ‘quali’ é trabalho do pesquisador. Os erros que são cometidos por candidatos e gestores, em geral, é por irem na contramão do que a pesquisa qualitativa traz. Isso ocorre com frequência quando candidatos e gestores não estão preparados para ouvir”, salienta a especialista.
Socióloga, pesquisadora e publicitária, Tatiana Salles atua no mercado desde 2006, adquirindo ampla experiência como coordenadora de recrutamento, moderação e análise de pesquisas qualitativas. Possui doutorado em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e bacharelado em Comunicação Social pelo Centro de Educação Superior Reinaldo Ramos (CESREI).