Uma reportagem da nova edição de VEJA detalha os termos do acordo de paz firmado entre o presidente Lula e o deputado Arthur Lira (PP-AL), comandante da Câmara. Para facilitar o acerto, o governo revogou trecho de uma medida provisória que reonerava dezessete setores da economia e assumiu o compromisso de criar um cronograma de liberação de emendas parlamentares. Já Lira declarou que não colocará em votação pautas-bomba e reafirmou a disposição de regulamentar a reforma tributária.
Além dessas questões legislativas importantes, o pacto também envolveu uma série de sacrifícios realizados por Lula a fim de agradar o presidente da Câmara e o notório Centrão. Sem deixar digitais evidentes na operação, o governo agiu para que o senador Renan Calheiros (MDB-AL), desafeto de Lira, não assumisse a relatoria da CPI da Braskem no Senado.
Formalmente criada para apurar os danos provocados pela empresa ao explorar sal-gema em Maceió, a comissão era encarada por Renan como uma forma de desgastar politicamente Lira e políticos aliados a ele, como o prefeito da capital alagoana, João Henrique Caldas.
Aliado de Lula, Renan ficou contrariado com a decisão e culpou “pressões externas” por seu revés. Já uma pessoa ligada a ele declarou a VEJA, sob a proteção do anonimato, que deixá-lo fora da relatoria foi uma maneira de Lula agradar a Lira sem ter muito custo.
Demissões por encomenda
De olho na harmonia com a Câmara, o Ministério da Saúde demitiu o secretário de Atenção Primária, Nésio Fernandes, após Lira e líderes partidários reclamarem dos critérios adotados pela pasta para a liberação de emendas de deputados e senadores.
Desde o ano passado, o presidente da Câmara e o Centrão sonham comandar a Saúde, hoje chefiada por Nísia Trindade.
Segundo o ministério, a demissão foi uma mera questão de ajuste na equipe, sem qualquer ligação com questões políticas. Lira também alega que não tem relação com o caso. Segundo o ministério, a demissão foi uma mera questão de ajuste na equipe, sem qualquer ligação com questões políticas. Lira também alega que não tem relação com o caso.
Em outra coincidência, caiu o assessor José Francisco Manssur, do Ministério da Fazenda, que capitaneou a regulamentação do mercado de apostas esportivas no Brasil.
O Centrão sempre quis tirá-lo de cena, mas a pressão aumentou depois de VEJA revelar que ele relatou ao ministro Fernando Haddad que um deputado da base governista teria pedido 35 milhões de reais a uma associação de empresas de apostas. O deputado em questão era Felipe Carreras, um dos quadros mais próximos a Arthur Lira. Na época, Carreras negou enfaticamente que tenha pedido propina às empresas.
Com a regulamentação das chamadas bets definida, Manssur perdeu o cargo.
A Fazenda alega que foi a pedido. Ele confidenciou a amigos que essa versão não é verdadeira. A necessidade de votos favoráveis no Congresso selou o seu destino.
Com VEJA