O presidente Lula foi acionado por integrantes do PT para arbitrar um conflito entre alas do partido contrárias e favoráveis ao repasse de recursos do fundo eleitoral para a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo. Lula determinou que a legenda ajude financeiramente a chapa, que tem na vice a petista Marta Suplicy.
A movimentação contrária à ajuda partiu de pré-candidatos a vereador na capital paulista, que reivindicavam uma compensação pelo fato de o PT ter aberto mão de candidatura própria para apoiar Boulos. Todos os atuais nove vereadores tentarão a reeleição em outubro.
Integrantes da cúpula do PT chegaram a desaconselhar a contribuição direta para a campanha do PSOL, sob o argumento de que essa não é uma prática regular do partido e que, inclusive, poderia embaralhar a prestação de contas junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Já defensores do suporte financeiro lembram a importância da eleição de Boulos para a base de apoio de Lula. Com o envolvimento direto do presidente, a campanha em São Paulo é tratada como fundamental para a esquerda no enfrentamento ao campo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com vistas a 2026.
O debate sobre a divisão de recursos se intensificou nos últimos meses e continua sendo travado em reuniões fechadas do partido, tanto na capital paulista quanto em Brasília.
Numa das conversas, chegou a ser debatida a possibilidade de o PT deixar de contribuir com o PSOL nos custos da campanha majoritária, mas a discussão acabou sendo abandonada. Uma das ideias era vetar contribuições a partidos de fora da federação PT-PC do B-PV, o que não prosperou.
Informado sobre resistência dentro de seu partido, Lula conversou diretamente com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e com a tesoureira, Gleide Andrade, em busca de uma solução.
A saída em estudo é a destinação de recursos para a candidatura da vice, valendo-se da cota reservada às mulheres. A legislação obriga os partidos a aplicarem ao menos 30% do fundo eleitoral em candidaturas femininas. O medo, contudo, é que outros aliados passem a cobrar o mesmo tipo de colaboração.
No caso paulistano, os recursos do partido do partido poderão chegar à chapa via Marta. A lei permite que candidatos a vice abram uma conta própria de campanha, registrando receitas e despesas.