O “fogo amigo” que briga por espaços, empreguismo com funções remuneradas através de gordos contracheques, perda da bussola ideológica, e um passado repleto de escândalos – envolvendo corrupção e roubalheiras – foi o legado deixado pelo Partido dos Trabalhadores, criado em fevereiro de 1980 (sob outro prisma) pela Igreja Católica, centros universitários, meios acadêmicos, classe artística/cultural e intelectuais. Recebeu apoio maciço dos grandes sindicatos, como o dos bancários, e das gigantes estatais: Petrobras, Eletrobrás, Portobras…
Foi um partido de classe média, inspirado no objetivo de congregar todas as esquerdas, numa alternativa socialista igualitário – distante do comunismo que defendia a luta armada pelo Poder – e não pregava a democracia, insistindo na instalação da ditadura do proletariado.
Dom Paulo Evaristo Arns, Raimundo Faoro, Hélio Bicudo, Mino Carta (editor fundador da Veja) e todas as redações dos jornais, rádio e TV, embarcaram festivamente no movimento, liderado por um operário – ex-torneiro mecânico da Indústria de Elevadores Villares – à disposição do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, figura até então conhecida como “Lula” (Luís Inácio da Silva). Herói, que havia desafiado o presidente Geisel (mais austero do período dos militares) e comandado uma greve, instigado por seu doutrinador e “apadrinhado”, Joaquinzão (PCdoB).
O PT cresceu rapidamente e sepultou o PCB, PCdoB. Paralisava o País na hora que queria ou desejasse, através dos movimentos grevistas no governo CIVIL do presidente Figueiredo. Seus filiados até dízimo pagavam à legenda. Chegar ao Poder? Seria uma questão de tempo. Só não aconteceu bem antes porque Lula começou a “cubanizar” seus discursos e estreitar suas relações com Fidel e as FARC. Milhões começaram a abandoná-lo. Sofreu perdas irreparáveis, que o levaram a três derrotas consecutivas. Trocar uma ditadura por outra? Não tinha o menor sentido para os defensores da Democracia. O orgulho de ser “petista” começou a morrer já no final dos anos 80. Mas, o PT ainda era maior que Lula, movido por uma paixão estilo “flamenguista”, mobilizado pela juventude adolescente do ensino médio e universitário.
Para chegar ao Palácio do Planalto (2002) Lula teve que se aliar ao PL, banqueiros, empreiteiros e usar uma montanha de dinheiro do imposto sindical, destinado a compra de apoios, votos e legendas. Vieram dólares das FARC (Narcotráfico) e da Venezuela, Hugo Chávez. Só o apoio do PL, para indicar o vice José de Alencar, custou 16 milhões de dólares. Corrigidos e atualizados hoje, representam mais de meio bilhão de reais. O PT gastou quatro vezes mais que o PSDB de José Serra, desprezado por FHC, que não usou a máquina em favor do seu candidato, nem se empenhou em sua campanha. Sonhava com tropeços de Lula, e sua volta em 2006.
Ao assumir a Presidência da República em 01/01/2003, Lula não dispunha de nenhum programa de governo. Só tinha um discurso: matar a fome do povo. Este mesmo projeto demagógico e “enxovalhado” que persiste até hoje. Foram-se oito anos dele (Lula), seis de Dilma, e já se passaram um ano e meio de sua volta. Segundo ele, a fome continua. O “Minha Casa Minha Vida” deu teto, sombra e amparo para o frio. Mas, “gaiola bonita não alimenta pássaros”. Tinham a casa e não tinham as tão prometidas três refeições diárias.
Dilma quebrou o País em 2015, foi impedida de governar pelo Congresso Nacional. Dois anos depois, candidatou-se ao Senado por seu
Estado Minas Gerais, e foi derrotada por Rodrigo Pacheco. Seu companheiro da guerrilha, Fernando Pimentel, governador (MG), disputou a reeleição com poder de caneta e perdeu para um estranho (neófito) Romeu Zema, que foi reeleito em 2022. O PT ficou bem menor que Lula. Praticamente acabado. Em 2022, sua “Federação Partidária” ao lado do PCdoB e PV, elegeu apenas 80, dos 513 deputados federais. Lula apenas trocou a cela da PF de Curitiba, pelo Palácio da Alvorada. No Paraná era impedido de sair. Hoje pode andar, mas teme o povo, que segundo o TSE o elegeu. Risível…
Vésperas das eleições municipais deste ano (2024) são pouquíssimos ou praticamente invisíveis, os pré-candidatos pelo PT no Nordeste. Nas Capitais, o único Estado que a legenda poderia alcançar o segundo turno (Paraíba) não lançará candidato. “Rifaram o ex-prefeito Luciano Cartaxo e o também ex-prefeito e ex-governador Ricardo Coutinho. Nos demais, perde geral. A expectativa que resta é uma reação em Fortaleza (CE) e Teresina (PI). Consumando a tragédia, a cada pesquisa Lula cai. Terminará como começou: menor que o PT.
Por Júnior Gurgel