A decisão do PT sobre João Pessoa, que deve ser oficializada na convenção do partido, confirmando a chapa com o deputado estadual Luciano Cartaxo e a ex-secretária Amanda Rodrigues, esposa de Ricardo Coutinho, consolida o já provável segundo turno que se desenhava nas eleições em João Pessoa.
O atual prefeito Cícero Lucena, que teria mais de 50% do tempo total de TV e Rádio, caso conquistasse a Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV), vê cair para 35% do tempo total, contra 65% das oposições.
Em que pese o favoritismo de Cícero, que contará com uma megaestrutura de duas poderosas máquinas administrativas em prol da sua candidatura a reeleição, eleição nenhuma aceita salto alto. Não existe campanha perdida, tampouco campanha ganha.
E a cautela deve ser aumentada. O PT nacional entendeu que Luciano Cartaxo é o nome que mais tira votos do atual prefeito. Sua candidatura, ao contrário do que prega raivosamente o presidente estadual do PT, não é boa para a direita, é boa, na verdade, para a oposição a Cícero.
A margem que o atual prefeito deve abrir sobre o segundo colocado no primeiro turno também deve cair bastante com a inserção do candidato do PT, acirrando ainda mais o jogo no segundo turno.
Os nichos eleitorais de Ruy Carneiro e Marcelo Queiroga já estavam bem definidos e ambos disputavam a ida ao eventual segundo turno. Um ancorado no “recall” de quem bateu na trave para disputar a final na eleição de 2020, o outro na estrondosa votação do “Bolsonarismo” em 2022.
A entrada de Luciano com o PT no tabuleiro tende a empurrar os dois candidatos de centro (Cícero e Ruy) para um discurso mais a direita, buscando os eleitores de Jair Bolsonaro e ameaçando travar o crescimento de Queiroga.
A candidatura própria do PT demarca um grande território, que será a trincheira do “Lulismo” no primeiro turno, representada por um ex-prefeito que tem um portfólio de obras, uma folha de serviços prestados, liderança própria e um potencial eleitoral nada desprezível.
E antes que eu seja atacado pelos aliados da deputada Cida Ramos, que ficou sem fichas no jogo em Brasília porque decidiu se afastar de Ricardo Coutinho e Luiz Couto, vale lembrar uma verdade incontestável: se Luciano não tinha identidade com o PT, Cícero tinha menos ainda.
Vamos aguardar as finais.
Por Ytalo Kubitschek