Vice-presidente do União Brasil na Paraíba, o prefeito de Cabedelo, Vitor Hugo, discordou, publicamente, do presidente do partido, Efraim Morais, e do senador Efraim Filho. O pomo da discórdia atende pelo nome de Nilvan Ferreira (PL), que teve encontro na quinta-feira (20) com os dois mandatários, na sede da legenda, em João Pessoa.
O partido, na versão divulgada, estaria propenso a filiar o radialista para ele disputar a Prefeitura de João Pessoa, na eleição do próximo ano. O senador Efraim Filho, inclusive, citou o poderio da legenda para essa demanda: tempo de rádio e TV e recursos financeiros robustos.
A reação de Vitor Hugo, podemos assim dizer, pareceu durar uma eternidade. Somente no dia seguinte, na sexta-feira (21), ele se manifestou, afirmando que Nilvan era “um oportunista da política”. E enfatizando que o seu apoio à reeleição do prefeito Cícero Lucena é inegociável.
O prefeito da cidade portuária foi mais além: disse, em tom de ultimato, que “onde cabe Nilvan, não cabe Vitor Hugo”. Abriu, portanto, uma dissidência importante, dando a entender que os Morais terão de escolher entre a permanência dele ou o ingresso de Nilvan na legenda.
Uma ideia implausível
Parece plausível a ideia de um rompimento de Vitor Hugo com a cúpula do União Brasil? Plausível não parece.
Outra pergunta se impõe: Vitor Hugo não foi comunicado de que haveria a reunião dos Morais com Nilvan? No panteão da lógica, uma decisão dessa envergadura – a admissão de que o radialista é bem-vindo como candidato –, teria sido avisada ao vice-presidente do partido. Ou não?
Admitamos, porém, que essa situação possa convergir àquela situação improvável da qual falava, ironicamente, o ex-deputado federal Ulisses Guimarães (1916/1992): “Na política, só não vi boi voar”.
O imponderável – não somente na política – é um elemento que precisa ser considerado. Mas não podemos nos furtar de dizer: essa
movimentação de três dos mais relevantes agentes políticos do União Brasil da Paraíba não parece verossímil face aos questionamentos aqui já expostos.
PSB cobra reciprocidade
A suposta abertura do União Brasil à candidatura de Nilvan Ferreira ocorre num momento em que o PSB cobra reciprocidade, em Cabedelo, ao apoio dado a Cícero na eleição de 2020, em João Pessoa. Na cidade portuária, os socialistas tem uma pré-candidatura que se contrapõe ao grupo de Vitor Hugo: a do ex-deputado estadual Ricardo Barbosa, atual presidente da Companhia Docas, que administra o Porto de Cabedelo.
Aliado do governador João Azevêdo (PSB), Cícero vem sendo pressionado para apoiar a candidatura do PSB. O problema é que ele tem parceria política também com Vitor Hugo – até o ano passado, o deputado Mersinho Lucena (PP), filho dele, era vice-prefeito de Cabedelo.
Esse movimento do União Brasil seria uma resposta à pressão do PSB sobre Cícero? O tempo se encarregará de esclarecer isso.
Mas é a narrativa construída por Vitor Hugo está em evidência: “Apoiei Efraim Filho [em 2022], e pedi para boa parte da base Cícero ficar com Efraim. Então, agora, não vou abandonar Cícero porque o União Brasil quer um novo projeto para a cidade”, enfatizou.
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