Você provavelmente já ouviu mais de uma vez alguém dizer que a sua cidade precisa de um gestor. Este não seria aquele político profissional, mas um técnico, alguém que seja preparado para gerir, fazer a administração pública acontecer de modo célere e com qualidade. O discurso da renovação está ativo de modo forte no Brasil desde as eleições de 2018, com a vitória de Jair Bolsonaro, encontrando seu auge nas eleições de 2022 e, agora, se mantém para os pleitos municipais.
Responsável por comandar a vitoriosa campanha de Bolsonaro em 2018 e um dos profissionais pioneiros no Marketing Político na Paraíba, o publicitário Lucas Salles, consultor político de diversas pré-campanhas em diversos estados, diz que o desejo por um gestor eficaz é unanimidade no Brasil.
“Vivemos um momento pós-pandemia em que todos os setores da sociedade estão buscando a renovacão das ideias, das leis e das práticas. Todo mundo está se reposicionando. Questões como o transtorno do espectro autista (TEA) serão inseridas como nunca no debate eleitoral. A população também deseja a renovação do establishment. Em parte, devido à descrença na classe política, que vem se acentuando nos últimos anos. Isso tem enfraquecido a figura do político tradicional. É um novo ciclo. A população quer o novo, mas que tenha preparo. Essas preferências não são conscientes, nem são fruto de uma consciência individual, mas coletiva, ligada ao próprio momento histórico que estamos vivendo. A aposta no conceito da experiência de gestão pode acabar pegando muitos candidatos no contrapé, porque experiência nem sempre é exitosa, nem é sinônimo de qualidade. A renovação com qualidade é o objetivo do eleitor brasileiro em 2024″, explica Lucas Salles.
Perfil ideal
Ainda conforme Lucas Salles, algumas características de candidato são mais bem aceitas de acordo com o momento político vivenciado.
“Qual é a maior demanda da população de uma cidade nesse momento? Se for a Segurança, a eleição favorece um delegado. Se for a Saúde, favorece um médico. Se for a Educação, favorece um professor. Quem tem capacidade de dar a solução? O especialista na área é, em tese, o gerente ideal para solucionar o maior problema da cidade. O eleitor vai buscar aquele que entender ter mais competência para resolver”, afirma o especialista.
Contudo, o consultor político também alerta: “Mas esse candidato a prefeito corre grande perigo se não conseguir mostrar que também é capacitado para as outras áreas. O que é necessário: demonstrar a capacidade para resolver os problemas. Em outras palavras, de gerir a cidade como um todo. O que a população quer é quando adoecer, receber o atendimento do médico e ter remédio para tomar; quer que a luz da sua rua esteja acesa; que o lixo seja coletado e que, quando chover, a rua não inunde. A população quer que o asfalto seja de boa qualidade e que a praça esteja arrumada; que tenha escola e que ela ofereça boas aulas. Todas essas situações são resultados de uma boa gestão, mas o que a população quer é que o serviço público seja prestado”.
‘O que eu preciso fazer para que a população receba o serviço que ela tem direito, que está garantido por lei e pelo qual ela paga imposto?’. É nesse sentido que o diálogo precisa ser feito com a população, pois o resultado é o foco. Temos um número de ferramentas para alcançar isso e precisamos mostrar que a necessidade do cidadão será atendida˜, ressalta Lucas Salles.
